domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre os segredos

Eu sou uma pessoa tímida (não sei se isso é perceptível, mas enfim). Por isso, tenho muita dificuldade de conversar algo além de assuntos externos com as pessoas. Odeio falar da minha vida. Não de todas as partes, mas odeio quando as pessoas perguntam sobre brigas em família, relacionamentos, amizades, etc..

Eu não sei confiar nas pessoas, talvez essa seja a razão de eu ser tão fechada para algumas pessoas e assuntos. Isso me faz mal às vezes, porque preciso desabafar e não consigo.

Meu medo de ver minha vida exposta a alguém além do meu amigo é colossal (adoro essa palavra), chegando ao ponto de eu ter alguns amigos de longa data e eles não saberem de coisas simples, que na época pareciam grandes acontecimentos e não poderiam de jeito nenhum serem expostas.

Sentimentos, pessoas, dias, brigas, amores, descobertas. Tudo.

Pra terem idéia, quando eu descobri que Papai Noel não existe (embora eu ainda tenha uma esperança, pequena, de que ele existe) eu não contei à minha mãe, não fiquei revoltada.

Eu vi aquela pessoa vestida como o bom velhinho na minha escola, quando eu tinha 6 anos e pensei: ele não existe. Cheguei em casa como se nada tivesse acontecido, e aquele Natal foi meio decepcionante, mas ver minha mãe se desdobrando para que eu acreditasse era uma coisa que eu não podia interromper. Então, depois de certa idade ela percebeu que eu já não acreditava. Ela nunca soube desde quando.

Tenho medo da exposição, medo de decepcionar os outros, medo de contar que meu sonho não é mais aquele, que tal pessoa não é mais importante.

Eu odeio esses medos.

PS: se você é meu amigo e sabe de algum, nem que seja só um segredo meu, sinta-se privilegiado.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Sobre o tempo


Querido tempo, eu sei que pareço uma idiota te escrevendo. Mas é que deu vontade, e eu tenho algumas coisas pra te perguntar e te pedir.

Por que quando eu preciso que você passe rápido você passa devagar? É sempre assim. O contrário também me irrita. Parece que eu passo um ano esperando por um dia, e esse dia passa como se fosse algumas horas, às vezes até minutos.

Por que você deixa eu te desperdiçar tanto com coisas inúteis?

Às vezes gostaria que você parasse. Talvez um remix fosse divertido. Aquele momento repetindo diversas vezes, até cansar. Mas não repetindo demais pra não perder aquela magia.

Se você pudesse voltar também seria bom. Tem tantas coisas que me arrependo de não ter feito. Mas acho que não mudaria o que fiz. Se eu pudesse assistir os melhores momentos de longe... Aquelas aulas de manhã, aquelas tardes vazias, aqueles amigos, aquelas pessoas, aquelas coisas que parecem insignificantes e que se tornam tão importantes.

Esse texto me deixa tão empolgada e tão triste ao mesmo tempo. Eu sei que nada que pedi pode ser atendido.

Mas espero que eu consiga perceber que essas coisas são impossíveis e te aproveite melhor. Espero que minhas lembranças durem pra sempre. Espero que eu nunca esqueça desses momentos. Espero que eu nunca deixe de desabafar com meus textos toscos. Só espero...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sobre o que (não) fazemos

Ela entrou no ônibus, sozinha. Sentou-se, encostou a cabeça na janela, ficou observando a chuva. Aquele congestionamento parecia não ter fim. Ela tentava esquecer o que tinha acontecido, mas nem a música agitada que ouvia a fazia esquecer. Olhou as unhas vermelhas, já roídas por causa da ansiedade que a consumira na noite anterior.

Os fatos da noite anterior poderiam ter sido evitados? Ela sofria pensando nisso. E se, e se, e se... Hipóteses e mais hipóteses. Nada disso adiantava mais, foi tudo por água abaixo. Tudo por lágrimas abaixo.

Ela não poderia ter feito nada. Ela não pode fazer mais nada.

Ela devia ter ficado calada.