domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sobre uma história baseada em fatos reais.

Ela estava lá, como havia de ser. Ele havia planejado tudo, até planos secundários, caso algo saísse errado. Tudo preparado. Ela estava mais linda do que nunca. Parece que adivinhou que aquele seria um dia especial, marcante.



Ele se aproximou sem ela perceber. Podia sentir seu perfume de longe. Estava hipnotizado. Repetia todas as frases, tudo o que havia planejado naquela semana. Desde que a viu não conseguia pensar em outra coisa.



Aquele desejo o dominava por inteiro.Talvez fosse mais fácil ele dormir, sonhar com isso, aqueles sonhos que parecem ser tão reais, que podem aliviar aquela obsessão.

Mas chegara a hora. Ela estava lá. Mais um passo, mais uma frase, e tudo que ele sonhou, desde fins de semana ao seu lado, até os filhos com aqueles olhos verdes iguais aos dela, tudo estaria mais perto de se tornar realidade.

Estava tudo perfeito. O céu azul, o clima agradável, ninguém entre eles na tão importante fila do ônibus.

Só lhe faltou a coragem.

E ele nunca mais a viu.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre minhas exigências

Esse é um daqueles dias em que nada está bom. Quando me dei conta disso, pensei se eu não sou assim sempre. Se eu nunca me contento com nada, ou se é só um dia, depois passa.

Nessas horas não consigo lembrar de nenhum acontecimento, nenhum dia. Não lembro nem do domingo anterior. Nada. Parece que fujo de mim mesma.

Mas eu odeio isso, nunca gostei de fugir dos problemas, das questões que me invadem de repente e eu não sei como respondê-las.. E por que eu fujo? Por que eu não assumo a mim mesma que sou exigente demais, e se eu quiser todo o ouro do mundo, nada me satisfará se eu não tiver todo ele em minhas mãos.

Mimada? Acho que é a falta disso. Acho que é a vontade de ter atenção. Acho que eu preciso que alguém se dedique inteiramente a mim. Acho que preciso encontrar um ser sem família, sem compromissos, sem pessoas confiáveis que lhe de conselhos, para que ninguém abra seus olhos fazendo com que ele veja quem eu realmente sou.

E eu não quero que alguém finja ser assim. Não. Assuma que nenhuma pessoa do seu círculo social (que de nenhum modo se intercede com o meu) falou bem de mim pra você. Assuma pra si mesmo e depois grite pra mim o quanto fútil eu sou, como eu não sei o que quero, como eu posso querer tanto você nesse instante, e depois te dispensar, e te xingar com toda a raiva existente em mim.

Diga para mim o que sente, que eu tenho mais defeitos do que qualidades. Perceba o quanto mentiu pra si mesmo, e pra mim, quando disse que eu era perfeita. Perceba que você não vai me aguentar nem mais 10 minutos. Nem mais uma crise. Nem mais uma lágrima.

É só isso que peço. Perceba que eu não sirvo pra você.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobre Caio Fernando de Abreu

Eu tenho fuçado muitos blog alheios e vi uma característica em comum, pelo menos em alguns.

Referências a Caio Fernando de Abreu (carinhosamente abreviado como C.F.A daqui em diante) são muitas. Frases, textos, ou simplesmente citar esse nome dá um brilho a mais nas histórias, textos e músicas que as pessoas postam.

Por isso, vou deixar aqui alguns trechos, e começar a encaixá-los no contexto das minhas histórias.

PS: leiam com carinho


"Amor não resiste a tudo, não. Amor é jardim. Amor enche de erva daninha."

"Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor."

"Penso em você apesar de não sentir sua falta e muito menos sua presença. Penso em você porque sinto um vazio, que eu não sei do quê."

"Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio."

"Eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro.Mas eu preciso muito muito de você."

"Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acupuntura suicídio ioga dança natação Cooper astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora o que faço?"

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!”


“Um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele maldito emprego de oito horas diárias para poder pagar essa poltrona de couro autêntico onde neste exato momento vossa reverendíssima assenta sua preciosa bunda e essa exótica mesinha de centro em junco indiano que apóia vossos fatigados pés descalços ao fim de mais uma semana de batalhas inúteis, fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados. "

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sobre meu momento

Aquele medo a devorava há dias. Meses, talvez. Ela nunca achou que teria que encarar esse momento. Ela nunca achou que diria tais palavras.

Porém, ela também nunca achou que fosse preciso. Mas tudo mudara de um jeito que o que era necessário antes, agora já não era. E vice-versa.

Artormentou seus amigos, eles eram verdadeiros anjos, sempre a ouvindo e a compreendendo de um jeito ímpar, inigualável.

Pensou durante a semana toda. Talvez tenha sido uma das piores de sua vida até então. Por fora estava tudo bem, mas por dentro estava dilacerada. Noites mal-dormidas, aquela espera que nunca acabava.

Descascou o esmalte. Roeu as unhas. Ficou usando roupas velhas. Não usou maquiagem. Parecia que estava de luto. Talvez estivesse. Era um amor que havia morrido.

Pior do que essa morte, era a esperança que vinha artomentá-la, fazendo todos os seus textos prontos para falar diante dele irem por água abaixo.