quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sobre o fim do ano

Sei que já escrevi sobre isso, mas preciso desbafar, contar minha opinião pessoal sobre essa época.

Eu sou uma pessoa que tem imaginações férteis, e isso geralmente é ruim. Eu fico pensando antes de dormir, fazendo planos, e eles nunca se realizam. Nunca. Acho que só uma vez as coisas saíram como planejei.

Esse ano resolvi apelar e ter esperanças para o ano que vem. Na virada do ano vou desejar profundamente ser uma pessoa que não espera grandes acontecimentos de pequenos eventos, uma pessoa menos sentimental, menos dedicada.

Porém, como a passagem de um ano para outro não faz milagres, vou apenas desejar ser feliz.

Feliz ano novo
Feliz personalidade velha

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sobre minha justificativa

As postagens depressivas ultimamente são na verdade meu desabafo. Fiquei meio frustrada, sei que ninguém lê meu blog, mas acho que usá-lo como meu diário, postar meus desabafos é uma coisa que tem me feito bem.

Eu sei que pra isso servem os amigos, mas às vezes me sinto tão só, que prefiro me afundar na minha solidão, e encontrar muitas opiniões dentro de mim mesma do que deixar essas pessoas preocupadas comigo. Nunca fui uma pessoa que expõe sentimentos, mas expressá-los se tornou essencial.

Sendo assim, o humor do blog varia de acordo com o meu. Espero que tenham posts felizes em breve.

Sobre o pior sentimento

Era um dia de verão. O calor era insuportável. Próximo do Natal, as pessoas se multiplicam e começam a brotar do chão. Ela não se importava tanto com isso. Estava quieta aquele dia.

Dormira mal, estava de mau humor. Aqueles insetos a deixaram com marcas nas pernas. Ignorou, colocou sua roupa mais fresca e saiu. Sim, ela não estava preocupada com o calor que enfrentaria. Algo a chamava.

Foi sozinha, a bateria do MP4 durou só metade do caminho. Como pôde esquecer de carregar? Teve que ouvir as conversas fúteis ao redor. O ônibus se tranformara em uma verdadeira sauna. Mas o calor não a incomodava. Não como costumava incomodar.

Comprou o que tinha de comprar, e foi encontrá-lo. Um beijo. No rosto. No rosto, como ele pôde?? Há dias não se viam. Ele estava trabalhando, ficava o dia todo fora, e nos fins de semana não tinha paciência para vê-la.

Parece que ela era invisível. Chegou, sentou, esperou. Ele deu oi. Básico, se estivessem sozinhos nem isso ele faria, mas ele precisava mostrar aos outros que ele é uma pessoa, não uma planta.

Ela ficou lá. Quieta. Ele não proferiu nenhuma palavra. Ela estava de saco cheio disso. Os presentes eram desculpas, ela saiu para vê-lo.

Não suportando mais ser ignorada por uns 10 minutos, foi embora. Sem beijinho. Sem sentimentos. Sem parecer que namoravam.

Ela viu que não fez diferença.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sobre um título que ainda não escolhi


Tentei achar muitas maneiras de expressar o que eu tenho vivido ultimamente. Quanto mais penso, mais irritada fico, e mais raiva sinto de toda a situação. Resolvi procurar autores legais, e encontrei Lya Luft.

Vou postar esse texto, que eu acho que combina perfeitamente comigo.

"Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher."

Lya Luft

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sobre minhas descobertas

E hoje me dei conta de que as coisas nunca serão como quero, como sonho, como achei que eram, como deveriam ser.

Me dei conta que as coisas só serão do jeito que eu quero se EU fizer. Me dei conta da ignorância, da estupidez, do silêncio perturbador.

Descobri que as pessoas têm diversas máscaras. Descobri que cada vez que você descobre uma delas, sofre. E sofre ainda mais por saber que existem outras.

E talvez eu tenha descoberto que eu só aguento essas coisas se eu quiser. Me convenci que somente eu posso tomar conta da minha vida, decidir quem eu quero ter por perto e quem não quero, escolher entre ouvir os berros de uma criança chata ou simplesmente colocar meu fone e ouvir música.

Me convenci que estou cansada de tudo isso.

Me convenci do que é feita a vida.

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis" - Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sobre o ano novo

Era 31 de dezembro. Ela nunca havia passado essa data acompanhada. A virada do ano era sempre melancólica, e ela ficava vendo os fogos de artifício de sua janela, tomando uma taça de chamapanhe. Seus pais sempre achavam uma besteira, diziam que era uma data comum. Eles odiavam aquele cheiro de pólvora que durava até a próxima manhã.

Então, naquele ano, ela estava acompanhada. A família dele poderia ser estranha, mas era o preço por ter um namorado tão fofo. Estavam esperando a hora chegar na beira do mar, sentados na areia. Havia apenas uma garrafa de champanhe sem álcool para comemorar.

Ela sempre se sentiu tão deprimida nesse dia que estar ali lhe fazia sentir estranha. Nem alegre nem triste, apenas estranha.

Ele a perguntou por que estava tão calada. Ela criou coragem para desabafar toda a história que estava por trás daquela data. Todas as lágrimas derramadas sobre a mesma taça de champanhe desde seus 13 anos. Todos os pensamentos e carências. Todas as frustrações que vinham quando ela lembrava de tanta coisa que devia ter feito e não fez. Toda aquela incompetência. Eram tantas coisas, mas tão simples. Uma semana bastaria, talvez menos.

Ela então se sentiu vazia. Aquele era seu segredo. Ela nunca revelou a ninguém que não gostava daquele dia, daquelas superstições com uvas e ondinhas. Ela nunca havia falado a ninguém que aquela era a data mais triste do ano para ela. O dia em que ela se sentia pequena, insignificante.

Ele então a abraçou forte e disse: a partir de agora, você não estará mais sozinha.

10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1!

Veio o novo ano e eles agora sentiam o amor mais profundo até então.

sábado, 13 de novembro de 2010

Sobre meus conflitos

Hoje comecei escrever sem saber um tema. Isso é estranho. Mas é que meu pensamentos ultimamente estão totalmente instáveis, e não sei se resolvo esse ou aquele problema.

Às vezes penso em jogar tudo pro alto, e começar uma vida nova, mas eu sei que não consigo. Como já disse, tem algo que me segura e diz: espere mais um pouco, tam um lugar melhor mais pra frente. Será?

Apesar de eu ser contra o otimismo, porque quando se acredita que algo vai acontecer, ela TEM que dar certo. Caso contrário, você fica frustrado. E se você não espera nada de nada, quando algo dá certo, você fica feliz, e se não der, você nem liga.

Enfim, apesar desse meu pessimismo, esses dias eu resolvi deixar aflorar o pouco otimismo que há em mim. Porém, comecei a esperar coisas impossíveis (não vou citá-las aqui para não ferir imagens). E passou um tempo e eu observei que nada do que eu esperava poderia acontecer. Era realmente utópico.

Fiquei frustrada e postei meu desabafo. Só pra constar, o ônibus de que falei nem eu sei o que representa. Ele pode ser tantas coisas...

Não sei se aprendei algo com isso. Algo me agonia. Eu não sei o que é.

Talvez eu saiba e não queira assumir.

(até que não ficou ruim)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sobre meu desabafo

Hoje to filosofando demais. Pra não falar merda pra pessoas erradas, resolvi escrever. Era pra ficar guardado, como tantos outros, mas eu não resisti.

Eu estava pensando sobre o quanto eu sou medrosa. Apesar de aquele post não ter retratado exatamente eu, ele é uma parte de mim. Eu sei que não é culpa de ninguém, mas eu não gosto de ser assim.

Às vezes me sinto diferente, chata, como uma daquelas crianças que vivem em bolhas e quando andam de ônibus pela primeira vez caem, porque não sabem se equilibrar. Geralmente elas não continuam andando de ônibus, é só para ver como é. Mas muitas tem que continuar caindo para conseguir se equilibrar e não serem alvo de risadas durante toda a viagem.

Eu sei que foi um exemplo tosco, mas foi como eu consegui expressar.

Enfim, o que mais me incomoda e que me fez escrever isso hoje é o fato de eu estar nesse ônibus há algum tempo já, e não saber me equilibrar. Já tentei sair dele muitas vezes, mas é como se algo me dissesse: não é hora, fique mais um pouco, tem um lugar melhor mais pra frente. Apesar de eu querer acreditar nisso, simplesmente não consigo. É como se minha vontade de sair fosse maior que a de ficar, mas mesmo assim insuficiente pra cumprir minha vontade.

Às vezes gostaria de nunca ter entrado nesse ônibus.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre a (in)dependência

Eu acho que um dos meus maiores sonhos é ser independente (financeiramente, afetivamente, e todos os entes).

Mas acho que eu sou muito carente pra isso. Acho que conseguiria morar sozinha, mas provavelmente ficaria muito depressiva a noite, ou mesmo no café da manhã.

Eu fico dependente muito rápido, então pra conseguir me livrar do hábito de assistir ao JN todas as noites com meus pais, de esperar o almoço ficar pronto, de ficar ouvindo de longe meu pai contando o dia pra minha mãe, e todas as pequenas coisas que às vezes eu tento me livrar seria muito difícil, porque me sinto muito vazia sem elas.

(Então, se você é uma pessoa que convive direto comigo, se cuide, porque provavelmente nas férias ou quando o curso acabar eu vou ficar enchendo seu saco, até me acostumar com sua ausência.)

Enfim, apesar de tudo isso, quando eu era criança, sempre me imaginava uma mulher independente, que tinha uma boa vida financeira e não dependia de ninguém para ser completamente feliz. MAS, depois de saber como é dividir as alegrias com alguém, acho que essa Alessandra que eu imaginava talvez possa ser um pouco (só um pouquinho) dependente de alguém pra ser feliz.

PS: dedicado a alguém que divide a vida comigo há 17 meses.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre a (des)organização

Eu sou muito desorganizada, por mais que não pareça. Meu quarto é arrumado, devido às maléficas consequencias que já ocorreram porque meu quarto estava bagunçado.

Porém, se você abrir a porta do meu guarda-roupa, vai se perder em meio a tantas roupas jogadas e livros e caixas e muitas coisas mais.

Esses dias fui dar um jeito nele, e descobri que tenho um sério problema em jogar embalagens no lixo. De verdade. Eu guardei até embalagens de ovos de Páscoa. Sem contar as sacolinhas bonitinhas (onde vieram os presentes), os laços, os ingressos (sim, ingressos de cinema), etc..

Descobri que minha bagunça é organizada. Apesar de aparentemente tudo estar jogado, eu sei onde tudo está.

Eu já tentei ser sistemática. Não consegui. Fiquei realmente perdida. Todos aqueles papéis juntos, presos por um clips, e todas as caixas empilhadas, e todos os fios enrolados sem nenhum nó, e todas aquelas revistas organizadas por tamanho. Tudo aquilo me irritou.

Não nasci pra ser organizada.

"Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer na minha confusão
É o meu ponto-de-vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado pra visitação"

Dani Carlos - Coisas que eu sei

sábado, 23 de outubro de 2010

Sobre a noite

Tem tantas coisas pra se falar sobre a noite. Sobre as noites. Sobre aquelas noites. Sobre aquela lua. Sobre aquela caminhada no fim da tarde. Quando eu vi o por-do-sol e depois olhei para o outro lado e lá estavam elas: as estrelas.

Eu não sei desde quando eu me apaixonei pela noite. Acho que sempre fui apaixonada por ela. Principalmente por causa daqueles momentos em que você termina de jantar, vê o final da novela (ou de qualquer outra coisa), coloca seu pijama, escova os dentes, lava o rosto e finalmente deita sob aquelas cobertas (que no início da noite estão frias).

Então você lembra do seu dia. Se nada te preocupa, involuntariamente esboça-se um sorriso em seu rosto. Se está pensativo, talvez uma lágrima percorra seu rosto e o sono demore a chegar.

Mas independentemente disso você consegue dormir. E às vezes você sonha. Alguns sonhos bons, mas alguns sonhos ruins também. Alguns sonhos inimagináveis, outros comuns, até repetidos.

Você acorda sorrindo. Você acorda chorando. Você acorda com a sensação de que não foi um sonho, que algo realmente aconteceu. Você tenta voltar para o mesmo sonho. Tentativa frustrante.

E geralmente na manhã seguinte, você não lembra de nada disso.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre os medos


Ela foi uma criança muito medrosa.
Não subia em árvores, poderia cair, poderia ter bichos, enfim. Preferia ficar embaixo da mesma, esquecendo-se que uma maçã (?) poderia cair em sua cabeça e isso doeria mais do que se caísse da árvore, talvez.

Não dormia sozinha. Sua cama era ao lado da de seus pais. Se sentia incomodada, mas aquele quarto era sombrio, seus bichos de pelúcia ficavam assustadores durante a noite.

E ela cresceu. E quando falava sobre esses medos para as amigas ela riam. E ela começou a inventar histórias. E elas riam de novo, mas de um jeito diferente.

Tinha medo de falar em público.
Tinha medo de beijar aquele garoto que ela sabia que gostava dela.
Tinha medo de que chamassem sua atenção, então ficava em silêncio.
Tinha medo que todos olhassem para ela ao mesmo tempo. E que se ela fosse corajosa o bastante pra expor sua opinião, eles debochassem dela.

Então ela se isolou. E pensou que tudo era culpa dos seus medos, talvez tão bobos e idiotas que não valessem a pena.
Tentou “colocar as asinhas de fora”.

Apresentou um trabalho na frente da classe, beijou o garoto, falou o que queria falar, sem medo de que a repreendessem. Fez questão de falar: “prestem atenção um pouquinho” e expôs suas opiniões. Eles riram. Ela falou: ferre-se.

No fim daquela semana ela se sentiu muito mais leve do que antes.

"Há alguma coisa aqui que me dá medo.
Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui..."
Clarice Lispector

sábado, 16 de outubro de 2010

Sobre o que preciso

Hoje, só hoje talvez.

Eu preciso ouvir aquelas músicas, num volume bem alto. Preciso cantar junto com a letra. Ou ficar só prestando atenção.

Eu preciso saber o final daquela história. Aquela que surgiu dentro do ônibus enquanto voltava pra casa. E que quando eu desci aquelas boas ideias simplesmente sumiram da minha mente.

Eu preciso que faça frio. Mas um frio suportável. Pode ser com chuva ou sol, tanto faz. Mas ele precisa ser compartilhado. Nem que seja com uma barra de chocolate.

Eu preciso andar sozinha por um tempo. Sem rumo. Andar devagar.

Eu preciso conhecer pessoas, músicas, ideias, cores. Eu preciso me conhecer.

domingo, 10 de outubro de 2010

Sobre o Dia das Crianças

Eu sei que é bem clichê escrever sobre isso essa semana, mas tudo à minha volta remete a esse tema.

Eu já escrevi um pouco sobre minha infância aqui, sobre as pessoas que conviveram comigo (e ainda convivem), sobre o que eu fiz, e tudo o mais.

Só quero dizer que apesar de sempre pensar no futuro, e de ter sido uma criança que queria ser grande logo, eu preservo muito meu lado criança.

Não sei se ele é muito evidente, mas ele existe. E uma boa parte desse lado criança está registrado nas fotos e vídeos dos primeiros aniversários.

Eu só queria pedir às raras pessoas que leem esse blog pra não esquecerem desse lado, dessa parte da vida.

Ele nunca mais volta, e a única maneira de ele se mater vivo é na sua memória, nas suas comemorações de dia das crianças, nos Natais em família, no ano-novo tomando refrigerante em vez de champagne, no brigadeiro roubado antes do parabéns, nas brincadeiras infantis com seus amigos, nos desenhos e nos livros, nos seus amigos.

“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças (mas poucas se lembram disso).”
(Antoine de Saint-Exupéry)

Feliz dia das crianças

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sobre meu poema

Passei alguns dias ruins esses tempos. Me inspiraram, talvez. Me fizeram chorar. Me fizeram ter momentos de extrema alegria, seguidos de momentos de pensamentos profundos e inúteis.

Dentre esses dias escrevi um poeminha. Fiquei um tempo pensando se devia publicá-lo. É extremamente pessoal. Mas acho que eu tenho que ouvir críticas sobre o que fiz.

Tirem suas conclusões e comentem :)


(não tem um título. Sou bobona demais pra isso)

E a rua escura
E seus pensamentos vagando pela imensidão de seus desejos
E seus desejos se afastando cada vez mais da realidade
E a realidade se aproximando da tragédia
E a tragédia dizendo que tudo vai ficar bem, que vai passar
E todos te chamando ao mesmo tempo, quando você menos precisa
E todos calados, quando você quer que te chamem
E todas as letras de música saem da sua cabeça quando você mais precisa entendê-las
E todas as fantasias invadindo seus pensamentos, quando você só precisa lembrar do lado realista da vida
E todos dizendo: vá, quando você só queria que eles demonstrassem o mínimo de sentimento com sua partida
E um silêncio ensurdecedor quando você só quer ouvir um “oi”.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sobre uma das muitas músicas fodas que expressam meus sentimentos

Além da Máscara
Pouca Vogal


Agora que a terra é redonda
E o centro do universo é outro lugar
É hora de rever os planos

O mundo não é plano, não pára de girar
Agora que o tempo é relativo
Não há tempo perdido, não há tempo a perder

Num piscar de olhos tudo se transforma
Tá vendo?
Já passou, mas ao mesmo tempo
Fica o sentimento de um mundo sempre igual
Igual ao que já era de onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem

Agora que tudo está exposto
A máscara e o rosto trocam de lugar

Tô fora se esse é o caminho
Se a vida é um filme, eu não conheço diretor
Tô fora, sigo o meu caminho
Às vezes tô sozinho, quase sempre tô em paz

Num piscar de olhos tudo se transforma
Tá vendo?
Já passou, mas ao mesmo tempo
Esse mundo em movimento parece não mudar
É igual ao que já era de onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem

Visão de raio-x, o x dessa questão
É ver além da máscara além do que é sabido
Além do que é sentido, ver além da máscara

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre uma história que eu não achei um porquê

Ela teve um dia normal.
Acordou lá pelas 9 horas, comeu, tomou banho, lavou a louça, se arrumou, almoçou e saiu.
Pegou seu ônibus habitual, viu as mesmas pessoas, a mesma paisagem.
Desceu do ônibus em direção à escola.
Entrou na sala, viu as mesmas pessoas.
Seu corpo estava presente, mas seus pensamentos eram tão longínquos quanto a distância dela e de seus desejos.
Saiu da escola, comeu qualquer coisa, voltou pra casa fazendo o mesmo caminho da vinda.
Desceu do ônibus, com uma preguiça imensa de andar as duas quadras que separavam o terminal de sua casa.
Foi andando vagarosamente, como se não tivesse mais nada pra fazer.
Era uma noite agradável, com uma brisa gelada que balançavam os cabelos que não estavam presos no elástico cor-de-rosa, que foi o único que achou enquanto se arrumava.
O céu estava nublado, mas às vezes as nuvens se moviam e era possível ver uma ou duas estrelas.
Não tinha lua.
Não tinha emoção.
A noite tinha um gosto que combinava perfeitamente com ela: amarga.

domingo, 26 de setembro de 2010

Sobre um poeminha aleatório

Só para compensa a falta de criatividade que anda assombrando meus dias, vou postar um poeminha legal que esses dias tocou na Radio Caos.

O lado escuro da rua


Santinha era a menor morava longe
Atravessou de carona o país
Pinçou suas sobrancelhas de monge
Depilou suas pernas como uma velha infeliz
Ela disse: ei anjo, venha para o lado escuro da rua

Santa Cândida veio ao anel central de Curitiba
A rodoferroviária
Ela já era a preferida
Mas nunca perdeu sua estribeira
Mesmo quando lhe ofereceram uma carreira
Ela disse: querida, venha para o lado escuro da rua
E as mulheres negras dizem :de de de de de de


Quixote nunca saiu de cena
Todos tinham que pagar, pagar
Um empurrão aqui, outro na esquina
A capital do estado é o lugar onde dizem
Ei querida, venha para o lado escuro da rua


A doce fada pâmela caiu na vida
Em busca de pousada e um punhado de comida
Levantou, sacudiu a poeira
Dançou no metro
Agora todos tem prazer em conhece-la
Gogogo
Eles dizem: ei doce de coco venha para o lado escuro da rua


Jaqueline entrou em transe alucinado
Embarcou no voo de Leila Diniz por um dia
Acho que o desastre não podia ser evitado
Mas quem sabe um bom calmante ajudaria
Ela dizia: ei querida, venha para o lado escuro da rua


E as mulheres negras dizem
dedededededededede

Sobre a paciência

Quem me conhece sabe que eu sou de Lua.

Tem dias que estou super feliz e outros em que dou patada em todo mundo. Isso reflete na minha paciência. Se eu marcar algo com você, e esse dia coincidir com meus bad day's, não se atrase. Você corre o risco de levar uma patada quando chegar, ou não encontrar ninguém, porque eu odeio esperar.

Enfim, pra quem leu "O Pequeno Príncipe" sabe que como o planeta dele é pequeno, uma vez ele viu o sol se pôr 43 vezes.

"Mas é preciso esperar"

Eu sempre ouvi dizerem que a única solução para os piores problemas é o tempo. Mas eu nunca tive paciência pra esperar o tempo resolver minhas intrigas, meus problemas sentimentais. Fiquei tentando achar uma solução, e uma hora percebi que nada mais adiantava. E então vi que talvez seja verdade.

Talvez o tempo seja o melhor remédio, mas esse tempo só funciona se você souber esperá-lo e vivê-lo. Não adianta parar, sentar e esperar. Tenha consciência que a vida passa enquanto você espera. Esqueça que você está esperando.

Como disse Clarice:

"Foram então aprender que, não se estando distraído o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue[...]"
Tenham paciência. Esperem.


"É o tempo que dedicaste a tua rosa que a torna tão importante" (Antoine de Saint- Exupéry)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobre os dois lados

Não é falsidade.

Conheço muitas pessoas que agem artificialmente, que criaram uma "máscara" para proteger seus defeitos (ou até mesmo qualidades) por acharem que eles demonstram vulnerabilidade, fraqueza, tudo o mais.

Talvez não seja por mal. Muita gente se aproveita desses “defeitos”, usando essas pessoas, atingindo pontos fracos, tirando proveito da bondade das pessoas.

Alguns agem como pessoas rudes de dia, e quando estão sozinhas, colocam suas pantufas, pegam uma panela de brigadeiro e comem em frente da televisão. Tudo secretamente.

Por que não expor suas atitudes? Por que não mostrar que você é uma pessoa sensível, que chora com filmes bobos de romance, que adora andar de meia, que ganha seu dia quando vê uma borboleta no seu jardim, que adoraria ter alguém que lhe desse flores?

Por que se esconder?

domingo, 19 de setembro de 2010

Sobre os sentimentos

Para ser mais específica, sobre o amor. Eu até ia escrever sobre minha trajetória romântica, mas isso é muito pessoal. Talvez um dia eu conte pra vocês.
Achei uns poemas legais sobre isso. Leiam :)

Ah, resolvi colocar o ano que nasceu e morreu cada poeta, pra vocês terem uma ideia de quando foi escrito.

"Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.

Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela.
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer.

Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável.

Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples.

Um dia percebemos que o comum não nos atrai.

Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom.

Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você.

Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."

Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém, mas não damos valor a isso.

Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais.

Enfim...

Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito.

O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras.

Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."

Mario Quintana (1906-1994)


"Inscrição na Areia

O meu amor não tem importância nenhuma.

Não tem o peso nem de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?

Para quem se perfuma?

O meu amor não tem importância nenhuma."


Cecília Meireles (1902- 1964)




"E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.

Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela."


Fernando Pessoa (1888-1935)


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sobre a importância dos amigos

Até os 4 anos eu não tinha amigos, exceto por uma vizinha da frente que se mudou 1 ano depois de eu desobrir a existência dela e ter ido algumas vezes à casa dela pra brincar (e comer, bons tempos). Então, eu entrei no Jardim I (que emoção again) e descobri que quando você se relaciona com pessoas parecidas (ou nesse caso, da mesma idade), a vida pode ser menos monótona. Fiz amiguinhos de caixa de areia. Era legal.

Com 6 anos, então, eu entrei no pré. Era outra escola, bem mais perto da minha casa. Eu fiquei com medo, mas não fui embora chorando. Fiz amiguinhos e até uma inimiga, que arrumava intrigas pra me prejudicar (ò.ó). Eram os amigos do pré, e a maioria saiu da escola, porque eu nunca mais os vi.

Passando para a primeira série, era uma emoção maior ainda, porque era uma sala normal (a sala do pré era isolada e tinha mesinhas pequenas e até um banheiro) e tinha muitas pessoas diferentes. Fiz mais amigos ainda, eu era até bem popular entre os coleguinhas da sala.

E assim foi até a quarta série. Eu comecei a participar do grupinho do fervo e talz, era bem maloqueira. Considero uma das melhores épocas escolares, eu tinha muitos amigos e acreditava neles.
Minha melhor amiga era a Fer, que me persegue até hoje na UTF.

Na quinta série a Fer se mudou e foi pra outro colégio, e eu passei a estudar de manhã, o que era considerado uma evolução incrível na minha escola. As pessoas da tarde eram rejeitadas, não me pergunte porquê.

Eu tinha alguns amigos, entre eles a Bruna. Uma vez a Gabi jogou terra na cara dela e ficou uma semana pedindo desculpas, e viramos amigas, apesar de nós nos conhecermos desde a primeira série. Ela não falava comigo porque me achava metida, e vice-versa. Então formou-se um grupinho, que se manteve até a sexta série. Então, por alguma razão que eu não lembro qual, o grupo se separou e formaram-se outros maiores.

E assim foi, até a oitava série, onde eu conhecia quase todo mundo da escola. Eu era popular, mas não me aproveitava disso. Meu grupo de amigos era grande, tinha desde pessoas que eu conheci no pré, até a My, por exemplo, qu eu conheci na sétima série.

Essa, talvez seja a melhor fase da minha vida. Depois da formatura eu percebi que nunca mais veria todas aquelas pessoas reunidas, e senti uma saudade estranha, porque sabia que não voltaria mais.

Entrando na UTF, o mundo se abriu de um jeito muito estranho. Saí de uma escola, na qual eu estudei 8 anos, onde eu sabia onde todo mundo morava, para uma Universidade situada no Centro, onde os professores não sabem meu nome, onde eu não sei onde meus colegas moram, onde eu não conheço nem metade das pessoas que lá estudam.

Isso foi uma grande mudança, foi muito difícil de me adaptar, mas creio que essa possa ser considerada (também) uma das melhores fases, não escolar, mas talvez da minha vida.

Essas mudanças me fizeram perceber que, mesmo com as brigas e intrigas que existem nos grupos de amigos, talvez eles sejam as pessoas mais importantes das nossas vidas. Eles nos apoiam, nos encorajam, nos fazem pensar duas vezes antes de fazer alguma coisa, enfim. Amigos são essenciais.

OBS: esse post é dedicado a todos os amigos, de todas as épocas, de todos os grupos, de todas as brigas, de todas as escolas, de todos os bairros, de todos os nomes, de todo o tempo que ficaram comigo. Obrigada.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre o possível destino

Eu nunca acreditei muito nessas coisas místicas tipo espíritos, destinos e tal. Sempre achei que fosse uma forma de amortecer os efeitos das coisas ruins que acontecem conosco, tipo, vai melhorar, um dia passa, etc.

Mas talvez tudo tenha um porquê.

Por exemplo, quando eu terminei o jardim II (que emoção), as professoras queriam me matricular direto na primeira série, diziam que era inútil eu fazer o pré. Mas minha mãe achou que seria difícil pra mim, porque eu tinha capacidade intelectual, mas de todo jeito ainda era uma menininha de 5 anos.

Se eu tivesse pulado o pré, talvez minha vida fosse totalmente diferente. Meus amigos seriam outros, talvez até as modas que eu seguia quando tinha 12 anos fossem diferentes. Talvez eu não estivesse na UTF. Talvez meus amigos fossem aquelas pessoas que hoje eu encontro na rua indo para o trabalho, ou até mesmo com filhos. Talvez meus conceitos de felicidade, amizade, família, tudo seria visto de uma maneira totalmente diferente.

Talvez meus amores platônicos fossem outros. Ou talvez eu não os teria.

Eu ouviria músicas diferentes, usaria outras roupas, falaria outras gírias... tudo seria diferente. Tudo porque eu seria uma criança de 6 anos numa classe cheia de crianças de 7 anos.

Eu gosto da minha vida. Às vezes penso nos inúmeros caminhos que tive a seguir e a vida que teria se os tivesse seguido. As proibições que meus pais me faziam, desde simples visitas às amigas até as festas mais badaladas do colégio. Uma festa a mais, uma visita a mais. Só isso poderia mudar a minha vida?

Tenho pensado que sim, mas chega em um ponto que eu não consigo me imaginar com outra vida. Seria muito estranho. Talvez não fosse eu.

domingo, 12 de setembro de 2010

Sobre uma história que me faz pensar

Já faz um tempo que um padre contou essa história numa missa, e até hoje lembro dela quando as infinitas definições sobre Deus invadem meus pensamentos e me deixam completamente confusa.
A história é mais ou menos assim:

“Certa vez haviam três homens jogando golfe. Um deles perguntou aos outros dois:
- O que você faria se o mundo acabasse hoje?
O primeiro respondeu:
- Iria correndo procurar um padre para me confessar.
O segundo respondeu:
- Iria procurar minha família, pois faz anos que não os vejo.
Ambos perguntaram ao terceiro, que tinha feito a pergunta, o que ele faria?
E ele os disse:
- Continuaria jogando golfe.”

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sobre a mania da perfeição

Uma vez eu vi na capa de um livro (que sempre tento lembrar o nome,mas todas as tentativas são em vão), uma frase que dizia: "Em um mundo de extrema perfeição o normal é feio".

Fiquei algum tempo com essa frase ecoando na minha cabeça, tentando descobrir o que ela realmente quer dizer. Consultei minha visão sobre o mundo. Era tão fraca, tão fútil. Me senti mal. Comecei a pensar nessa obcessão que todos têm. A busca pela perfeição. Não importa onde. Todos são maníacos por ela. Pessoas fazem loucuras, isso lhes custa até mesmo a vida.

Eu acho isso tão venenoso. Apesar de TODOS saberem que não existe a perfeição, ainda a buscam. Por quê??

Por que é tão difícil aceitar seu cabelo, seus olhos, seu nariz, sua boca, suas manias, suas estranhezas, suas preferências, seu mundo?

Dá pra mudar? Algumas coisas sim.
Pra quê? Ainda não sei.

Aceitar-se é difícil? Talvez seja uma das coisas mais difíceis de se fazer. Mas mudar não vai fazer com que você se aceite melhor. Você vai saber que não é assim. No fundo você lembra de quem realmente é.

E quando se deitar vai ficar pensando se o dia teria sido igual se você fosse quem realmente é. Se fizesse as coisas pensando somente em você, na sua felicidade, antes de pensar nos outros, na aceitação de pessoas que às vezes nem gostam de você.

O perfeito não existe. Não busque a perfeição. Quanto mais você a busca, mais se afasta dela.

Perfeitas são as pessoas que são felizes do jeito que são, que conquistam amigos e amores com seu jeito autêntico.

“Sejam vocês mesmas! Estudem cuidadosamente o que há de positivo ou negativo na sua pessoa e tirem partido disso. A mulher inteligente tira partido até dos pontos negativos. Uma boca demasiadamente rasgada, uns olhos pequenos, um nariz não muito correto podem servir para marcar o seu tipo e torná-lo mais atraente. Desde que seja seu mesmo.”
(Clarice Lispector sob o pseudônimo de Helen Palmer)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sobre meus pensamentos

Pra quem me conhece, sabe que eu tenho medo de muitas coisas. Não necessariamente de algo ou alguém, mas geralmente de fatos.

E se isso acontecer? E se não for assim? E se eu morrer?

Em geral essas dúvidas ocorrem em momentos de fraqueza, ou depois de horas filosofando, geralmente quando eu estou sozinha, ou antes de dormir, ou fuçando históricos de MSN e vendo as brigas que aconteceram.

Talvez esse seja um dos defeitos que mais odeio em mim. Minha insegurança.

Às vezes eu nem estou em um dia ruim, mas aí vejo algo que me lembra algum fato ruim, e começo a pensar sobre aquilo, se vai se repetir, se deveria esquecer, se deveria tirar a história a limpo (pela enésima vez).

Então penso: "Pare com isso Alessandra, você é uma idiota por voltar nesse assunto de novo."

Aí coloco uma música animada, e logo (finjo) que esqueço dos meus pensamentos.

No meio da noite, acordo assustada. Olho no relógio. Geralmente são 4, 5 da manhã. E volto aos meus pensamentos. E volto a brigar comigo mesma. E volto a me distrair.

É uma sucessão de fatos que me cansa. Acordo e nem parece que dormi tanto tempo.

Às vezes odeio meus pensamentos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sobre o positivismo (com medida)

Devido ao excesso de realismo que vem dominando meu blog, eu vim trazer algumas energias boas. Talvez ser realista demais seja ruim de vez em quando. Mas eu não gosto de muito otimismo, porque se você acredita que tudo vai dar certo e não dá, você se decepciona mais do que se não tivesse esperando tanto por algo, ou até mesmo por alguém.

Victor Hugo descreve isso num de seus poemas mais famosos. Vocês devem conhecer, porque Frejat fez uma música com algumas partes desse poema (Amor pra recomeçar).

É um poema fácil de ler, espero que consigam se motivar.

"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga 'Isso é meu',
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar. "

Victor Hugo

sábado, 4 de setembro de 2010

Sobre a visão (de alguém) sobre o mundo

Ele tinha uma namorada. Ele a amava, talvez mais do que tudo. Ela sempre demonstrava sentir o mesmo, mas certo dia ela lhe disse que o traiu. Em pensamento. Ela pediu mil desculpas, falou que foi a primeira e única vez. Ele nunca mais a olhou do mesmo jeito.

Depois de algum tempo, cansado de mentiras (tanto dele, que demonstrava confiar nela, quanto dela que demonstrava ama-lo), eles terminaram.

Nos primeiros dias ele ficou muito bem. Tornou-se uma pessoa que nunca tinha sido. Mas depois de algumas semanas começou a sentir falta dela. Mas não voltaria, de jeito nenhum, seria um absurdo.

Então, certo dia ele a encontrou por acaso. Ela o viu, mas fingiu que não vira. Ele ficou olhando nos olhos dela. Ela passou reto, como se ele fosse um desconhecido.

Se deu conta então do momento que estava vivendo. Andou por muitas horas, esqueceu-se de tudo o que tinha a fazer. Perdeu o rumo. Passou por lugares desconhecidos. Olhava apenas para o chão. Raramente olhava para os lados, exceto quando ia atravessar a rua. Pensou. Pensou. Pensou. E pensou mais um pouquinho.

Estava anoitecendo e ficou frio. E ele continuou andando. Talvez o frio tenha o ajudado a perceber e interpretar os inúmeros pensamentos que estavam se fundindo em sua cabeça. Eram os amigos que desapareceram sem sequer avisar, os sermões de seu pai que chegavam sem motivo, as mulheres que ele sempre amou e que nunca olharam para sua cara, a mulher que sempre olhou para sua cara e que ele não amava mais. Ou amava.

Tudo isso misturado, formando um sentimento inédito, uma sensação de tristeza nunca antes sentida. Uma visão sendo formada. Complexa e ampla como nunca imaginou que poderia ter.

Eram as desmotivações, os acertos, as empolgações, o abismo que separava o antes e o depois, os erros, as desilusões, os momentos de extrema alegria, os de extrema tristeza, todos os fatos de uma vida reunidos em um único sentimento. Um único pensmento. Uma única pessoa.

Ele não suportaria. Viu uma ponte e se jogou.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sobre as chances perdidas

Ela sempre acordava na mesma hora. Fazia sempre o mesmo caminho. Via sempre as mesmas pessoas.Ela conhecia as roupas que elas tinham, sabia até mesmo o nome. Sempre. Na mesma hora.

Ele apareceu naquele dia e começou a fazer parte de sua rotina. Tinha olhos azuis, quase sempre usava bermuda, a única exceção eram os dias realmente frios. Sempre de mochila. Às vezes tirava dela um livro e tentava ler. Nunca conseguia se concentrar. Talvez fosse o chacoalhar do ônibus ou as conversas. O ônibus era cheio àquela hora.

Ele descia um ponto antes dela. Certo dia, no congestionamento ela conseguiu observar seu caminho. Ele sempre entrava em uma casa. Ela queria muito saber o que tinha lá dentro. Mas nunca teve coragem de segui-lo.

Ela sempre o observava, desde então. Ele talvez nunca tenha sentido sua presença, mas ela sempre estava lá.

Naquele dia ela tomou coragem e sentou ao lado dele. Tinha passado horas pensando se devia fazer isso. Então tentou ser natural, mas não conteve a vontade de passar mais maquiagem do que de costume, usar outro perfume e uma roupa mais arrumadinha.

Almoçou mais cedo, não queria perder o abençoado ônibus. Quando chegou na fila, ele não estava lá. Ela pensou: não faz mal, eu vim antes mesmo. E o ônibus chegou. ela olhou discretamente para trás. Ele chegou. Acompanhado.

Talvez ela devesse ser mais corajosa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sobre um mundo ideal

Eu sempre quis ter o poder de criar mundos paralelos. Talvez naqueles dias ruins, em que nada dá certo, eu poderia fugir para lá, e esquecer de tudo.

Seria uma nova Ale. Um outro mundo. Outras pessoas, outros amigos, outros lugares. Seriam novas rotinas, novas obrigações (porque talvez um mundo sem obrigações não fosse tão ideal assim), enfim, um refúgio.

Eu sei que isso nunca vai existir. Mas sei lá, não custa imaginar.

As pessoas não necessariamente seriam outras. Ou seriam. Ah, seria um lugar perfeito. Não teriam desastres, nem piadas ruins. Ninguém brigaria. Ninguém reclamaria do que tem. As pessoas só iriam pra lá quando realmente estivessem exaustas de tantas reclamações, insatisfações com tudo que elas fazem. Lá todos achariam que ela está certa. Todos elogiariam o que ela faz. Ninguém colocaria defeitos, as críticas seriam construtivas e faladas calmamente, civilizadamente.

Não existiria o bonito. Não existiria o feio. Existiria o ideal de cada um. Cada um teria sua beleza e ninguém correria atrás de um ideal, um padrão.

Mas se fosse assim, talvez não seriam humanos.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sobre meu descontrole

Eu estou em um dia ruim hoje, resolvi ler poeminhas e textos legais. Sei lá, eles me acalmam, me dão conselhos, me fazem pensar e decidir coisas. Talvez sejam meus melhores amigos. Ou não, eles não tem necessariamente uma opinião. Eu posso interpretá-los como quiser.

Vou compartilhar:

Os Três Mal-Amados
João Cabral de Melo Neto
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.
Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas"

"Ando feito um cão sem dono
Matando cachorro a grito
Num mato sem cachorro"

Espero que descubram como a poesia pode ser uma amiga de todas as horas :)

sábado, 28 de agosto de 2010

Sobre os poemas que gosto de postar

Tiros - Juliana Holanda

Expectativas de beijos marcantes e suaves fazem da minha coluna um calafrio constante até te encontrar quem sabe um dia.
Quem dera alguém ouça meu grito no calabouço,
Veja minha garganta num poço inflamado,
Me tire o medo de tentar…
Quem dera alguém sugue a enfermidade da parede para que eu possa respirar em paz.
Quem dera a mentira escondida no canto se torne menor que verdade revelada
Quem dera ela possa permitir que as pessoas lidem bem com os sentimentos misturados no caldeirão de incompreensões da vida…
Quem dera as pessoas soubessem livremente se expressar…
Eu queria decorar diálogos de filme de arte pra te impressionar,
Mas é impossível que eu seja algo que não estou.
Só é possível que eu esteja falsa por ser a possibilidade de algo que eu gostaria de viver com todas as proibições.
Talvez eu seja o alvo.


Cântico negro
José Régio

“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
Retirados do blog do RadioCaos

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sobre um possível começo

Era noite de lua cheia. Eles estavam andando de mãos dadas, sem trocar nenhuma palavra. Ela já sabia de tudo, ele achava que ela nem desconfiava. Na verdade, ele tinha um pressentimento, mas ignorou. Ela não sabia o que fazer. Ela queria revelar que ela sabia, pensando que ele já soubesse. Mas e se ele não soubesse? Ela resolveu ficar calada.

Sentaram embaixo de uma árvore. A sua frente tinham uma vista linda, com a luz da lua refletida no lago. Beijaram-se. Continuaram calados. Ele agia normalmente. Ela estava disfarçando, mas estava tensa. Como ele pôde?

E naquele cenário ela tirou sua aliança, deixou no chão, levantou-se e foi embora. Em silêncio. Ele não contestou. Ele sabia o por quê.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre meus sonhos malucos

Quando eu era criança eu tive muitos sonhos, geralmente relacionados com uma futura profissão. Já quis ser professora (sonho de 70 % das meninas de 6 a 8 anos), policial (imagino que poucas meninas sonham com isso), médica (sonho comum de todas as meninas até 11 anos), veterinária (embora hoje em dia eu deteste bichos). Enfim, já imaginei vários caminhos pra minha vida.

Quando eu tinha uns 9, 10 anos eu sempre ficava me imaginando quando tivesse 13, 14. Era tão legal. Eu achava que seria super popular, que teria milhares de amigos, que conseguiria namorar o carinha popular da escola. Enfim, era meu mundo ideal. Amigos, popularidade e um namorado invejável.

Porém, o tempo passou, e quando eu tinha 12 anos o “namorado invejável” simplesmente passou a me ignorar (considerando que ele me conhecia desde a 2ª série, e que eu tinha 12 anos, o fato de eu ser invisível para ele era uma tragédia), algumas amigas mudaram de colégio, outras só sabiam falar de meninos, e quase ninguém me conhecia. Além disso, eu era feia e gorda.

Aquele mundo ideal simplesmente desapareceu. Evaporou. Surgiram algumas paixonites pelo caminho, algumas amigas temporárias (muitas pessoas ficavam apenas 1 ou 2 meses estudando na minha escola) que eu nunca mais ouvi falar, algumas épocas em que muitas pessoas me cumprimentavam no caminho, mas nada disso comparável ao meu sonho.

E os sonhos foram ficando cada vez mais raros. Muitas vezes eu parava e pensava: por que eu estou aqui? Eu tenho sonhos, objetivos?

Demorou algum tempo para que eu conseguisse perceber que os sonhos não são besteiras. Talvez sejam um pretexto para que você possa fazer o que quer.

Essa noite tive um sonho, que é uma espécie de objetivo meu. Acordei e pensei, agora é oficialmente e literalmente um sonho. E com certeza ele vai se realizar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre minha tentativa de fazer uma história

No dia anterior tudo tinha dado errado, ele foi dormir altas horas da madrugada, pois tinha ficado pensando sobre as coisas do mundo. Sobre o medo de que algo aconteça. Até tentou escrever uma música, mas nada rimava, nenhuma melodia ficava boa, então desistiu, deitou na cama e ficou olhando para o teto, pensando, até esquecer de pensar e perceber que devia dormir, o dia seguinte seria cheio.

Então ele acordou com vontade de fazer algo diferente. Não queria trabalhar, mas era necessário, então quis inovar. Não foi de terno, foi de agasalho esportivo. Não foi de carro, foi de bicicleta. Não ignorou seus colegas, deu bom dia e abraços em todos. É claro, todos perceberam diferenças, e começaram a falar que ele tinha ficado louco.

Ele não estava louco. Estava tentando mudar. Tudo. As pessoas, ele mesmo, a rotina. Ele apenas tentava se livrar daquela lembrança. Daquele dia. Daquelas palavras que ele nunca imaginava que iria ouvir, que sairam da boca da mesma pessoa que falou que nunca iria abandoná-lo. Daquele sentimento. Ele nunca imaginou ver aquele olhar, nos mesmos olhos que lhe juraram amor eterno. Ele nunca esperaria nada disso. Não dela.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sobre a vida

Eu não estou plageando a Ana, que fique bem claro. Mas esse é um tema legal, e vale a pena fazer um texto.

Como viram em "Sobre minha evolução musical", as pessoas mudam muito, mesmo que não percebam. Você só percebe quando realmente para e reflete sobre sua vida anterior. Isso pode te deixar feliz ou pode fazer você ter vontade de se matar quando lembra das besteiras que fez.

E, pra variar, eu estava ouvindo uma música do Oswaldo Montenegro, que quase ninguém conhece. Um trecho pra vocês se localizarem:

Quem não perdeu a atenção dos seus pais,
Quem não foi encarnado depois de uma queda
Ou porque era vesgo ou porque era torto
Ou se o avô já tá morto, se sente sozinho
Ou porque é menorzinho ou porque é bobalhão,
É pereba ou otário?
E olha presta atenção!
Quem não levou uma surra, perdeu um horário,
Quem é que jamais teve um sonho esmagado
Ou sofreu uma ofensa do melhor amigo e quem
É que concorda comigo esse mundo é um gigante
E a gente é anão!

Enfim, usei só pra ter um exemplo das coisas que acontecem conosco, e muitas vezes nos deixamos abalar. Porém, depois de um tempo de temporais na minha vida, quando muitas coisas tristes aconteceram, acho que eu fiquei meio blindada. Passei a ver a vida de outro jeito. Por exemplo, no dia do batizado do meu primo, meu tio morreu. Isso me fez enxergar que para cada um que parte, um permanece em pé. Que para cada dia que acaba outro já está chegando. Que para cada sofrimento que você consegue aguentar de pé, você tem uma felicidade, mesmo que você ache que nunca mais a sentirá. Que para cada coração partido há um esperançoso. Enfim, sempre, SEMPRE há uma esperança, mesmo que você duvide.

"Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sobre os textos e poemas postados

Algumas pessoas vieram perguntar pra mim porque tem tantos textos que não são meus no blog, então resolvi explicar.
Nos dias em questão ou eu estava sem criatividade, mas mesmo assim com vontade de postar algo novo e compartilhar minhas preferências, ou eu fiz algum texto pessoal demais pra ser postado e ele foi pra gaveta como muitos outros.
Portanto, pra quem gosta, hoje tem Cecília Meireles, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade :)

Cecília Meireles

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Fernando Pessoa:

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Carlos Drummond de Andrade

Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença,aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo Filho da Puta!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sobre os "príncipes encantados"

Toda garota, mesmo que não divulgue (porque a maioria não conta isso a ninguém), sonha em ter um príncipe encantado, por mais que ela perceba que ele não existe. Pra mim ele era um carinha moreno, de olhos azuis que ia chegar de repente, me encontrar ao acaso, na rua, no mercado, no ônibus e iria falar comigo, porque eu sou muito antisocial pra falar com pessoas desconhecidas. Enfim, ele seria aquele cara perfeito, educado, gentil, inteligente, compreensível, sensível, carinhoso, com todos as outras qualidades que não cabem em um mesmo homem.
Depois de um tempo, as garotas percebem que esse cara não existe, ele é puramente imaginário, um ideal impossível de ser verdadeiro. Já conheci meninas que ficaram traumatizadas e passaram a desconfiar de algumas atitudes que fazem parte, conjuntamente, de um homem ideal. Elas ficam pensando que ele está fingindo só pra conseguir mais meninas, mas eu acredito que ainda existam homens cavalheiros no universo. Assim, comecei a procurar não qualidades isoladas, mas o conjunto da obra. Logo, homens burros e/ou estúpidos, mesmo que tenham todos os outros atributos, não tem um bom conjunto por motivos óbvios.
Enquanto eu não consigo entrar na tv ou em algum livro pra encontrar os príncipes tão cobiçados por meninas que ainda não conhecem a realidade (isso serve para as meninas que querem casar com o Edward Cullen, do Crepúsculo, porque ele é um tipo de príncipe encantado, que não existe em lugar algum - e brilha no sol), eu me contento com meu projeto de príncipe, que não contém todos os requisitos, mas que contém -talvez- os mais importantes.
Meninas, busquem seus príncipes. Só tenham em mente que eles não serão perfeitos, eles podem te decepcionar. Ele pode ser, no fundo, estúpido ou burro, ou pode ter sido gentil com você só pra te conquistar, depois ele simplesmente para com isso. Na vida real, os príncipes se transformam em sapos, e não o contrário, como nos mundos ideais. Por isso, não se abale quando o homem que, semana passada era um poço de cavalheirismo e compreensão, e hoje te mandou calar a boca. Ele nunca foi um príncipe, ele te enganou. Ele na verdade é um sapo daqueles que não merecem nem as moscas que comem.
Mesmo assim eu acredito que existe um cara perfeito, em algum lugar. Ele pode ter sido corrompido pela sociedade, e todos os atributos ideais estão armazenados no fundo, bem no fundo de sua alma, e só virão à tona quando ele encontrar a pessoa ideal.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sobre a felicidade

Para quem não sabe, eu não era uma boa menina no meu passado negro. Não, eu não era uma traficante nem uma prostituta, mas eu fazia coisas más, como tirar sarro de pessoas aleatórias, excluir pessoas e tal. Depois que eu me toquei disso, me senti muito estranha, como se devesse pedir desculpas pra todo mundo, ir à Igreja me confessar, etc.
Mas eu acho que não nasci pra ser tão boazinha assim. Eu tenho noção do bem e mal, mas às vezes parece tão normal se divertir com a cara de outras pessoas. Sempre as pessoas falam que devemos nos divertir, aproveitar a vida, porque esse pode ser o último dia de sua vida. Mas até que ponto isso é saudável?
Uma vez uma pessoa me falou que não havia problemas em se divertir com coisas que não são certas aos olhos do censo comum, que isso não é nenhum pecado, pois Deus nos quer felizes. Mas será que essa felicidade é incondicional?
Não sou uma pessoa que frequenta a Igreja, mas eu acredito em Deus e tudo o mais, e não gosto quando as pessoas falam que não há lógica. É claro que há lógica. Como você chegou até aqui? Seria justo não atender aos poucos, porém tão difíceis mandamentos?
É fato que muitas pessoas usam outras de escada para chegar aonde estão, mas eu sempre penso: o que essa pessoa pensa antes de dormir? Porque você consegue ser uma pessoa forte diante dos outros, mas quando você está sozinho, sempre se culpa das mínimas coisas erradas que faz. Será que eles estão felizes?
Enfim, a questão felicidade é uma incógnita na minha vida. Às vezes me sinto feliz, e de repente acaba, começo a ver o lado ruim. Talvez isso seja um defeito, acho que as outras pessoas não fazem isso. Essa é uma das principais razões pra aproveitar a vida licitamente, porque você não sabe se no segundo seguinte haverá outra alegria ou uma tristeza.
Acho que me dispersei no meio do texto, mas acho que deu pra entender.

"Se alguém encontrou um sentido para a vida, chorou" (Pouca Vogal - Ao fim de tudo)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sobre a rotina

Hoje, volta às aulas, fiquei pensando enquanto voltava pra casa sobre a rotina. Não importa qual, todo mundo tem a sua, mesmo que sua rotina seja fazer coisas diferentes, há uma rotina.
Quase todo mundo faz a mesma coisa todos os dias depois que acorda, porque é difícil sair de uma rotina depois que você se acostuma com ela.
Pra quem não sbe, eu tenho um relacionamento, que tem precisamente 1 ano, 2 meses e 5 dias. A rotina é uma das culpadas pelo começo e pelos quase términos dele. No começo é bom, porque existe a certeza de ter aquela pessoa naquele dia, naquela hora. Mas depois fica chato, não há surpresas, não há novidades, é sempre a mesma coisa, as pessoas estão do mesmo jeito, fala-se das mesmas coisas, tudo isso é cansativo, faz com que você deseje outras coisas, outras emoções, não necessariamente outra pessoa, mas outra rotina, outras coisas, outros lugares, outras roupas. Bom, vou deixar, como sempre, a Clarice fala por mim:

"Mudança
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!"

Não se entreguem à rotina :)

sábado, 7 de agosto de 2010

Sobre textos, frases e poesias

Hoje estou filosofável demais, e posso me arrepender do que postar, então vou colocar os textos que sempre me ajudam a tomar decisões ou simplesmente filosofar sobre a vida:

Clarice Lispector:
"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."
Agora leia de baixo para cima :)

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..."

William Shakespeare:

"O Menestrel

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la...
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam...
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa... por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo... mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão... e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens...
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém...
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sobre um dos únicos livros que li

Pra quem não sabe, sou apaixonada por "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry.
Eu li pela primeira vez na quarta série, quando tinha 10 anos. Não tinha entendido muito bem, mas gostei muito do livro. O tempo passou e eu fui ler novamente na oitava série, então eu consegui entender as mensagens contidas nas entrelinhas. E gostei de verdade. Não me canso de ler esse livro. Parece que cada vez que se lê, surge mais uma interpretação, mais uma maneira de entender aquelas palavras que na primeira vez parecem desconhecidas, mas que se tornam mensagens que você vai carregar aonde for.
Vou colocar algumas frases do autor, não todas do livro, mas leiam, não vão se arrepender. :)

"Os homens compram tudo pronto nas lojas, mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos"

"Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção."

"Se tu vens às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz"

"Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas se tu me cativares, e se eu te cativar, ambos precisaremos um do outro"

"Os contos de fadas são assim.
Uma manhã, a gente acorda
E diz: 'Era só um conto de fadas.'
E a gente sorri de si mesmo
Mas, no fundo, não estamos sorrindo.
Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida"

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre meus segredos

Acho que todos devem ter algum segredo. Se ele não te deixa angustiada, se ele pode te prejudicar ou prejudicar alguém, você deve guardá-lo. É melhor alguém não saber tudo sobre você, isso te dá espaço. Você não tem obrigação de explicar todos os passos da sua vida. Agora algumas pessoas já conhecem parte da minha vida, porque eu escolhi divulgar. Mas se você conta algo em uma hora de euforia, depois você se arrepende. Eu tenho muitos textos engavetados, talvez um dia eu publique-os aqui, mas acho que agora não é hora. Talvez eu não esteja pronta pra ver os comentários, mesmo que elogiosos, sobre minha visão da vida, das pessoas, do mundo.
Eu acho tão legal, quando nos filmes tem um velhinho à beira da morte, ai ele pega a mão de sua esposa, que ele conhece há tanto tempo, e conta um de seus segredos. E ele morre em paz. Não teve tempo de se arrepender do que falou. Ou então quando paira um silêncio na sala de uma casa, e o velhinho olha para sua mulher e conta um segredo que ele sempre guardou. E ele fica na expectativa,será que isso fará ela se apaixonar novamente ou será que isso vai acabar com a relação? Então ela olha pra ele, sorri e fala: sempre soube. E eles ficam rindo, felizes.
Tá, eu nunca vi um filme que tivesse isso, e sei que isso não acontece na vida real. É só uma utopia. Seria uma cena legal.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sobre as coisas que gosto

1. Música. Desde que seja de boa qualidade e tenha uma letra legal. Sobre as músicas que ouço, vão desde Zé Ramalho (sim, eu curto, as letras são divertidas) até Kiss, passando por Engenheiros do Hawaii, Cássia Eller, Legião, etc..
Uma das letras que mais gosto é da música Piano Bar, dos Engenheiros. Vou colocar só um trecho, que me fez gostar ainda mais dessa música, depois de saber o significado:
"Toda vez que falta luz
Toda vez que algo nos falta
O invisível nos salta aos olhos
Um salto no escuro da piscina"
Humberto Gessinger escreveu essa letra porque quando ele era criança, após a morte do seu pai, ele costumava levantar de madrugada, calçava o chinelo do seu pai e ficava andando no escuro pela casa para escutar os mesmos passos que ele ouvia. Isso o fazia sentir a presença do pai dele. Eu acho genial. Por isso eu amo analisar letras do Engenheiros.
Espero que também tenham vontade de procurar a história das letras de músicas preferidas, descobri coisas inusitadas.
2. A natureza. Eu adoro o pôr-do-sol, porque, como disse meu pai, nunca há dois iguais. Mas o que realmente me fascina é o céu estrelado, com a Lua crescente. Ter essa visão na praia é ainda melhor. Por mais que eu odeie toda aquela areia, o mar também é fascinante ao meu ver. Sei lá, as ondas, eternamente quebrando na beira da praia, eu acho lindo.
3. Festas. Principalmente se ela tem aquele espaço pra você se soltar e dançar como se estivesse sozinha. E se as pessoas forem todas conhecidas é mais legal ainda. Parece que o mundo exterior desaparece, tudo que você sente é a música, a alegria das pessoas, todo mundo leve, sem preocupações. É, eu gosto disso.
4. Amigos. Todos. Os que me ouvem, os que não me deixam falar, os que só de olhar pra mim sabem o que eu quero dizer, os que riem das minhas piadas, os que fazem piada comigo, os que entendem meus pensamentos mais absurdos, os que concordam comigo e os que não tem medo de discordar, enfim, todos os meus amigos.
Deve ter mais coisas, mas eu não lembro tudo agora. Talvez algum dia eu faça a parte 2.

domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre meus vícios

Depois de escrever meu último post, me senti de um jeito estranho revelando minha vida pra todo mundo, já que essa parte da minha vida ninguém conhecia. Acho que cada vez que escrevo estou ficando mais leve, quem sabe até mais calma, mais feliz.
E esse é meu novo vício, revelar minhas faces ocultas para as ainda poucas (e não por isso insignificantes) pessoas que visitam meu blog.
Sobre os vícios antigos:
1. Não conseguir fazer nada, absolutamente nada sem música. Talvez essa seja a razão do meu mal desempenho em provas e textos de português. Aposto que se eu pudesse ouvir minhas musiquinhas naqueles horários tensos de provas, eu teria um coeficiente bem mais apresentável.
Quanto ao estilo de música, depende da ocasião. Quando estudo prefiro ouvir músicas que não sei cantar, senão eu não presto atenção no que estou fazendo. Mas em horas mais calmas, como quando estou indo para a UTF sábado de manhã, eu ouço músicas viciantes, ou que eu ainda não tenha entendido a letra, pra poder acordar e conseguir não dormir nas primeiras aulas.
2. Ler placas. Todas. Esse é um dos meus piores vícios, porque as vezes estou no ônibus, concentrada pensando em algo importante, e de repente eu leio uma placa e começo a fazer associações esdrúxulas. Tenho controlado esse vício não sentando na janela do ônibus, porque já perdi milhares de linhas de raciocínio por causa disso.
3. Ler poesias. Não importa de quem, se tiver subentendimento, eu leio. Não é porque não goste de coisas fáceis de interpretar, dependendo do dia é até melhor, mas quando estou inspirada fico horas lendo a mesma parte, a mesma frase, até chegar a alguma conclusão. Geralmente entro em um site, faço uma leitura dinâmica, e depois leio tudo com calma. Os textos e poesias que mais li foram os da Clarice Lispector, depois de ler essa poesia (sei que talvez você não tenha paciência para ler tudo isso, mas quando tiver, leia, é lindo)
"Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo.
Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram...
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: - E daí? Eu adoro voar!"
Aff, esse post tá muito grande. Talvez outro dia eu conte meus outros vícios. Espero que gostem.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sobre minha evolução (musical)

Eu estudei na mesma escola desde o pré até a oitava série. Todas as minhas mudanças físicas e psicológicas ocorreram na frente daquelas pessoas, tantas, que agora são tão poucas devido ao teste da distância, através do qual você sabe quem realmente é seu amigo. Se você estudava comigo e hoje não está entre meus contatos do msn, considere-se um colega. Não desprezo colegas. São importantes. Mas talvez sejam os culpados pela sua paranóia de ser bem visto pela sociedade.
Quando se estuda em escolas de bairro, você conhece todo mundo, sabe onde mora cada um dos seus colegas. E sabe que se você passar com o cabelo um pouco diferente na frente da casa dos colegas mais chatos, no dia seguinte toda a escola saberá.
Enfim, esse contexto me obrigou a ser uma pessoa estranha durante todos esses 8 anos.
Até a quinta série mais ou menos eu conseguia ser eu mesma. Mas então as pessoas começaram a mudar. Os assuntos não eram mais os mesmos. Tudo que você fazia não era pra se sentir bem, era pra ser bem visto. No começo eu não concordava com isso, mas acabei ficando com apenas 3 amigas. Isso era muito triste, porque sabia que as outras meninas eram minhas amigas antes. E por não querer ser uma pessoa aleatória andando sozinha no recreio, eu tive que me adaptar as imposições da pequena sociedade escolar.
Foi aí que eu comecei a cuidar da minha aparência, porque até então eu ia totalmente largada para a escola. E elas me apresentaram o lápis de olho, o rímel, as sombras e tudo o mais. Devagar, eu fui me enturmando e quando vi conhecia todas as pessoas da minha escola. Isso era o máximo, eu só tinha 12 anos.
Você deve estar se perguntando: e a evolução musical?
Se você estudava em escolas particulares, provavelmente não conviveu com pessoas enrolando baseados no meio da aula, na carteira ao lado, nem com as pessoas qua não compravam balas na hora do recreio, mas tinham celulares fodões tocando rap, pagodes e musiquinhas insuportáveis que tocam na Apotheose, Millenium, etc..
Por isso, como eu era uma pessoa popular, eu ouvia essas musiquinhas para ter "assunto" com as pessoas ao meu redor.
Porém, quando eu falava com minhas amigas de verdade, comentávamos sobre U2, Legião, etc..
Poisé, eu tinha 2 personalidades, mas não me chame de falsa. Eu só percebi o que acontecia de verdade depois de sair desse mundo.
E continuei maltratando meus ouvidos até a oitava série, quando eu finalmente sai daquela escola. Me senti triste por deixar meus colegas, mas sabia que os verdadeiros amigos continuariam comigo. Por isso senti uma liberdade inexplicável, por saber que eu não precisava mais ter 2 lados, duas Alessandras, uma pagodeira e lá no fundo uma roqueira reprimida.
Foi então que eu entrei na UTF. Eu não conhecia absolutamente ninguém. Ninguém me conhecia. Era realmente uma nova vida.
Foi então que um dia eu peguei o CD do Engenheiros da minha mãe e copiei para o meu pc. Fiquei viciada. Então a Gabi (que eu conheço desde a primeira série e por quem eu sou eternamente grata) certo dia me falou: eu tenho a discografia do Engenheiros e mais algumas músicas nacionais, você quer?
Finalmente eu posso ouvir as músicas que quero, mesmo que sejam totalmente desconhecidas, posso usar o maior número de maquiagens que consegui, ou não usar nenhuma, posso usar a roupa que eu quiser, por mais ridícula que seja, eu sou aceita. Não sei se é porque todas as pessoas da UTF são estranhas, ou porque eu mudei.
Talvez aqueles colegas tenham deixado em mim algumas manias, costumes, mas eu sei que eles me ensinaram uma lição, mesmo que não quisessem.
Seja você. Não se importe com a opinião alheia. Não se importe com o ridículo, ele não existe, você o inventou. Se eles realmente são seus amigos, não importa que roupa veste, que música ouve, quantos caras dão em cima de você, eles são seus amigos. Eles com certeza te amam, mesmo que não falem. Porque eles te aceitam.
Pra todos aqueles que sabem que são meus amigos, obrigada. Eu não me importo com a opinião de vocês, e sei que vocês não se importam com a minha.
" E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.."
(William Shakespeare)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Das coisas que gosto

Não pensem que eu tenho uma vida secreta, mas tem muitas coisas que eu gosto e quase ninguém sabe. Por exemplo, as poesias.
De qualquer forma, em canções, em livros, cheguei a encontrar até poesias em revistas de fofoca que a minha vó compra uma vez ao ano.
A forma de poesia que me fez descobrir esse mundo foi a do Radio Caos. Se vocês verem o site, podem ouvir as edições antigas e talvez virem novos ouvintes dominicais, como eu.
Certa noite de domingo, cansada de ver as reportagens macabras sobre o tráfico de drogas no Fantástico, eu liguei o rádio pra ver se estava tocando alguma coisa que não fosse sertanejo universitário, músicas pops ou cultos evangélicos. Na 91 Rock estava tocando uma musiquinha aleatória, divertida, em alemão talvez, e deixei lá. Então um carinha começou a recitar Carlos Drummond de Andrade, ao som de Stairway to Heaven no fundo. Fiquei encantada. Desde então esse é meu compromisso dominical, sempre, as 22 horas.
Esse é um dos poemas típicos do Radio Caos, espero que gostem de interpretá-lo:
As pessoas são estranhas.
(Afonso Romano de Santana)
As pessoas são estranhas, quando somos estranhos.
Vemos caras terríveis, quando estamos sozinhos.
Mulheres parecem horríveis, quando não não disponíveis.
Ruas parecem maus caminhos, quando estamos deprimidos.
Quando somos estranhos chovem caras na nossa frente.
Quando somos estranhos ninguém nos tem em mente, quando somos estranhos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Pose

Encorajada pelo Couto aqui está meu blog. Eu sei, tá meio tosco ainda, mas ele vai melhorar.
Eu escrevo, mas nunca pensei em divulgar meus pensamentos longinquos do meio da noite. Talvez eu poste algo que as pessoas não entendam nada do que eu escrevo, mas eu espero que gostem.
O título é o nome de uma música do Engenheiros do Hawaii, que é uma das minhas bandas preferidas. E essa música fala sobre sair do comum, fazer coisas aleatórias:
"Vamos passear depois do tiroteio
Vamos dançar num cemitério de automóveis
Colher as flores que nascerem no asfalto
Vamos todo mundo...tudo que se possa imaginar"

Enfim, eu curto muito essa música e espero que vocês comecem a ouvir Engenheiros também.