terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre a (des)organização

Eu sou muito desorganizada, por mais que não pareça. Meu quarto é arrumado, devido às maléficas consequencias que já ocorreram porque meu quarto estava bagunçado.

Porém, se você abrir a porta do meu guarda-roupa, vai se perder em meio a tantas roupas jogadas e livros e caixas e muitas coisas mais.

Esses dias fui dar um jeito nele, e descobri que tenho um sério problema em jogar embalagens no lixo. De verdade. Eu guardei até embalagens de ovos de Páscoa. Sem contar as sacolinhas bonitinhas (onde vieram os presentes), os laços, os ingressos (sim, ingressos de cinema), etc..

Descobri que minha bagunça é organizada. Apesar de aparentemente tudo estar jogado, eu sei onde tudo está.

Eu já tentei ser sistemática. Não consegui. Fiquei realmente perdida. Todos aqueles papéis juntos, presos por um clips, e todas as caixas empilhadas, e todos os fios enrolados sem nenhum nó, e todas aquelas revistas organizadas por tamanho. Tudo aquilo me irritou.

Não nasci pra ser organizada.

"Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer na minha confusão
É o meu ponto-de-vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado pra visitação"

Dani Carlos - Coisas que eu sei

sábado, 23 de outubro de 2010

Sobre a noite

Tem tantas coisas pra se falar sobre a noite. Sobre as noites. Sobre aquelas noites. Sobre aquela lua. Sobre aquela caminhada no fim da tarde. Quando eu vi o por-do-sol e depois olhei para o outro lado e lá estavam elas: as estrelas.

Eu não sei desde quando eu me apaixonei pela noite. Acho que sempre fui apaixonada por ela. Principalmente por causa daqueles momentos em que você termina de jantar, vê o final da novela (ou de qualquer outra coisa), coloca seu pijama, escova os dentes, lava o rosto e finalmente deita sob aquelas cobertas (que no início da noite estão frias).

Então você lembra do seu dia. Se nada te preocupa, involuntariamente esboça-se um sorriso em seu rosto. Se está pensativo, talvez uma lágrima percorra seu rosto e o sono demore a chegar.

Mas independentemente disso você consegue dormir. E às vezes você sonha. Alguns sonhos bons, mas alguns sonhos ruins também. Alguns sonhos inimagináveis, outros comuns, até repetidos.

Você acorda sorrindo. Você acorda chorando. Você acorda com a sensação de que não foi um sonho, que algo realmente aconteceu. Você tenta voltar para o mesmo sonho. Tentativa frustrante.

E geralmente na manhã seguinte, você não lembra de nada disso.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre os medos


Ela foi uma criança muito medrosa.
Não subia em árvores, poderia cair, poderia ter bichos, enfim. Preferia ficar embaixo da mesma, esquecendo-se que uma maçã (?) poderia cair em sua cabeça e isso doeria mais do que se caísse da árvore, talvez.

Não dormia sozinha. Sua cama era ao lado da de seus pais. Se sentia incomodada, mas aquele quarto era sombrio, seus bichos de pelúcia ficavam assustadores durante a noite.

E ela cresceu. E quando falava sobre esses medos para as amigas ela riam. E ela começou a inventar histórias. E elas riam de novo, mas de um jeito diferente.

Tinha medo de falar em público.
Tinha medo de beijar aquele garoto que ela sabia que gostava dela.
Tinha medo de que chamassem sua atenção, então ficava em silêncio.
Tinha medo que todos olhassem para ela ao mesmo tempo. E que se ela fosse corajosa o bastante pra expor sua opinião, eles debochassem dela.

Então ela se isolou. E pensou que tudo era culpa dos seus medos, talvez tão bobos e idiotas que não valessem a pena.
Tentou “colocar as asinhas de fora”.

Apresentou um trabalho na frente da classe, beijou o garoto, falou o que queria falar, sem medo de que a repreendessem. Fez questão de falar: “prestem atenção um pouquinho” e expôs suas opiniões. Eles riram. Ela falou: ferre-se.

No fim daquela semana ela se sentiu muito mais leve do que antes.

"Há alguma coisa aqui que me dá medo.
Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui..."
Clarice Lispector

sábado, 16 de outubro de 2010

Sobre o que preciso

Hoje, só hoje talvez.

Eu preciso ouvir aquelas músicas, num volume bem alto. Preciso cantar junto com a letra. Ou ficar só prestando atenção.

Eu preciso saber o final daquela história. Aquela que surgiu dentro do ônibus enquanto voltava pra casa. E que quando eu desci aquelas boas ideias simplesmente sumiram da minha mente.

Eu preciso que faça frio. Mas um frio suportável. Pode ser com chuva ou sol, tanto faz. Mas ele precisa ser compartilhado. Nem que seja com uma barra de chocolate.

Eu preciso andar sozinha por um tempo. Sem rumo. Andar devagar.

Eu preciso conhecer pessoas, músicas, ideias, cores. Eu preciso me conhecer.

domingo, 10 de outubro de 2010

Sobre o Dia das Crianças

Eu sei que é bem clichê escrever sobre isso essa semana, mas tudo à minha volta remete a esse tema.

Eu já escrevi um pouco sobre minha infância aqui, sobre as pessoas que conviveram comigo (e ainda convivem), sobre o que eu fiz, e tudo o mais.

Só quero dizer que apesar de sempre pensar no futuro, e de ter sido uma criança que queria ser grande logo, eu preservo muito meu lado criança.

Não sei se ele é muito evidente, mas ele existe. E uma boa parte desse lado criança está registrado nas fotos e vídeos dos primeiros aniversários.

Eu só queria pedir às raras pessoas que leem esse blog pra não esquecerem desse lado, dessa parte da vida.

Ele nunca mais volta, e a única maneira de ele se mater vivo é na sua memória, nas suas comemorações de dia das crianças, nos Natais em família, no ano-novo tomando refrigerante em vez de champagne, no brigadeiro roubado antes do parabéns, nas brincadeiras infantis com seus amigos, nos desenhos e nos livros, nos seus amigos.

“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças (mas poucas se lembram disso).”
(Antoine de Saint-Exupéry)

Feliz dia das crianças

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sobre meu poema

Passei alguns dias ruins esses tempos. Me inspiraram, talvez. Me fizeram chorar. Me fizeram ter momentos de extrema alegria, seguidos de momentos de pensamentos profundos e inúteis.

Dentre esses dias escrevi um poeminha. Fiquei um tempo pensando se devia publicá-lo. É extremamente pessoal. Mas acho que eu tenho que ouvir críticas sobre o que fiz.

Tirem suas conclusões e comentem :)


(não tem um título. Sou bobona demais pra isso)

E a rua escura
E seus pensamentos vagando pela imensidão de seus desejos
E seus desejos se afastando cada vez mais da realidade
E a realidade se aproximando da tragédia
E a tragédia dizendo que tudo vai ficar bem, que vai passar
E todos te chamando ao mesmo tempo, quando você menos precisa
E todos calados, quando você quer que te chamem
E todas as letras de música saem da sua cabeça quando você mais precisa entendê-las
E todas as fantasias invadindo seus pensamentos, quando você só precisa lembrar do lado realista da vida
E todos dizendo: vá, quando você só queria que eles demonstrassem o mínimo de sentimento com sua partida
E um silêncio ensurdecedor quando você só quer ouvir um “oi”.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sobre uma das muitas músicas fodas que expressam meus sentimentos

Além da Máscara
Pouca Vogal


Agora que a terra é redonda
E o centro do universo é outro lugar
É hora de rever os planos

O mundo não é plano, não pára de girar
Agora que o tempo é relativo
Não há tempo perdido, não há tempo a perder

Num piscar de olhos tudo se transforma
Tá vendo?
Já passou, mas ao mesmo tempo
Fica o sentimento de um mundo sempre igual
Igual ao que já era de onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem

Agora que tudo está exposto
A máscara e o rosto trocam de lugar

Tô fora se esse é o caminho
Se a vida é um filme, eu não conheço diretor
Tô fora, sigo o meu caminho
Às vezes tô sozinho, quase sempre tô em paz

Num piscar de olhos tudo se transforma
Tá vendo?
Já passou, mas ao mesmo tempo
Esse mundo em movimento parece não mudar
É igual ao que já era de onde menos se espera
Dali mesmo é que não vem

Visão de raio-x, o x dessa questão
É ver além da máscara além do que é sabido
Além do que é sentido, ver além da máscara