quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sobre o que eu não tenho coragem de fazer

E tinha tudo pra ser bom. Não havia nenhum pressentimento, nada que a atrapalhasse. Mas começou a piorar.
E piorou, piorou cada vez mais. Explodiu por dentro. Sentiu uma vontade imensa de sair correndo e gritar ou ir para um lugar bem longe, andando devagar, sentar em um lugar alto e ficar lá, o resto da vida.

Parecia que era invisível. Teve vontade de atravessar a rua sem olhas para os lados só pra ver se os carros iriam vê-la.

Mas achou que nada disso adiantaria.

Uma das coisas (ou pessoas) mais importantes havia desaparecido. Não fisicamente, mas espiritualmente, sentimentalmente.

Seu corpo estava lá, junto à ela, que se entregava por inteiro. Mas ela sentiu que o calor dos corpos não era suficiente. Faltava alguma coisa.

De repente se sentiu enojada. Quis ir embora, mas algo a prendia por ali. Parecia tolo, mas era aquela maldita aliança. Nova, com a intenção de renovar também o amor, entregue no dia em que talvez seja o começo dessa angústia.

"Saia daqui, tenho que ir embora", exclamou para si mesma. E tentou desviar de todas as tentativas de renovação, de inovação. Mas não conseguia sair de lá.

E desistiu. Continuou aguentando tudo aquilo, sofrendo, sentindo vontade de pular daquele barco que já estava afundado há tanto tempo.

E naquele dia veio a gota d'água que faltava.

Ela percebeu "para que servia" para ele.

E foi embora, sem dizer uma palavra. Ele fingiu que não entendeu, mas no fundo sabia muito bem por quê aquilo aconteceu.

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