sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sobre minha evolução (musical)

Eu estudei na mesma escola desde o pré até a oitava série. Todas as minhas mudanças físicas e psicológicas ocorreram na frente daquelas pessoas, tantas, que agora são tão poucas devido ao teste da distância, através do qual você sabe quem realmente é seu amigo. Se você estudava comigo e hoje não está entre meus contatos do msn, considere-se um colega. Não desprezo colegas. São importantes. Mas talvez sejam os culpados pela sua paranóia de ser bem visto pela sociedade.
Quando se estuda em escolas de bairro, você conhece todo mundo, sabe onde mora cada um dos seus colegas. E sabe que se você passar com o cabelo um pouco diferente na frente da casa dos colegas mais chatos, no dia seguinte toda a escola saberá.
Enfim, esse contexto me obrigou a ser uma pessoa estranha durante todos esses 8 anos.
Até a quinta série mais ou menos eu conseguia ser eu mesma. Mas então as pessoas começaram a mudar. Os assuntos não eram mais os mesmos. Tudo que você fazia não era pra se sentir bem, era pra ser bem visto. No começo eu não concordava com isso, mas acabei ficando com apenas 3 amigas. Isso era muito triste, porque sabia que as outras meninas eram minhas amigas antes. E por não querer ser uma pessoa aleatória andando sozinha no recreio, eu tive que me adaptar as imposições da pequena sociedade escolar.
Foi aí que eu comecei a cuidar da minha aparência, porque até então eu ia totalmente largada para a escola. E elas me apresentaram o lápis de olho, o rímel, as sombras e tudo o mais. Devagar, eu fui me enturmando e quando vi conhecia todas as pessoas da minha escola. Isso era o máximo, eu só tinha 12 anos.
Você deve estar se perguntando: e a evolução musical?
Se você estudava em escolas particulares, provavelmente não conviveu com pessoas enrolando baseados no meio da aula, na carteira ao lado, nem com as pessoas qua não compravam balas na hora do recreio, mas tinham celulares fodões tocando rap, pagodes e musiquinhas insuportáveis que tocam na Apotheose, Millenium, etc..
Por isso, como eu era uma pessoa popular, eu ouvia essas musiquinhas para ter "assunto" com as pessoas ao meu redor.
Porém, quando eu falava com minhas amigas de verdade, comentávamos sobre U2, Legião, etc..
Poisé, eu tinha 2 personalidades, mas não me chame de falsa. Eu só percebi o que acontecia de verdade depois de sair desse mundo.
E continuei maltratando meus ouvidos até a oitava série, quando eu finalmente sai daquela escola. Me senti triste por deixar meus colegas, mas sabia que os verdadeiros amigos continuariam comigo. Por isso senti uma liberdade inexplicável, por saber que eu não precisava mais ter 2 lados, duas Alessandras, uma pagodeira e lá no fundo uma roqueira reprimida.
Foi então que eu entrei na UTF. Eu não conhecia absolutamente ninguém. Ninguém me conhecia. Era realmente uma nova vida.
Foi então que um dia eu peguei o CD do Engenheiros da minha mãe e copiei para o meu pc. Fiquei viciada. Então a Gabi (que eu conheço desde a primeira série e por quem eu sou eternamente grata) certo dia me falou: eu tenho a discografia do Engenheiros e mais algumas músicas nacionais, você quer?
Finalmente eu posso ouvir as músicas que quero, mesmo que sejam totalmente desconhecidas, posso usar o maior número de maquiagens que consegui, ou não usar nenhuma, posso usar a roupa que eu quiser, por mais ridícula que seja, eu sou aceita. Não sei se é porque todas as pessoas da UTF são estranhas, ou porque eu mudei.
Talvez aqueles colegas tenham deixado em mim algumas manias, costumes, mas eu sei que eles me ensinaram uma lição, mesmo que não quisessem.
Seja você. Não se importe com a opinião alheia. Não se importe com o ridículo, ele não existe, você o inventou. Se eles realmente são seus amigos, não importa que roupa veste, que música ouve, quantos caras dão em cima de você, eles são seus amigos. Eles com certeza te amam, mesmo que não falem. Porque eles te aceitam.
Pra todos aqueles que sabem que são meus amigos, obrigada. Eu não me importo com a opinião de vocês, e sei que vocês não se importam com a minha.
" E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.."
(William Shakespeare)

5 comentários:

  1. Eu fui ao contrário-"popular" por ser totalmente aleatória e estranha. Mas eu sempre tive a sorte de ter bons amigos (: Mesmo assim, eu sei como é, estar em um mundo em que você não parece pertencer, se esforçando para sobreviver socialmente nele. Todo mundo passa por isso, acho xD. Ahn, eu vou gostar de você mesmo que você vire pagodeira :D sabe como é, APESAR dos defeitos IASASAHSUS
    "Não se importe com o ridículo, ele não existe, você o inventou." - achei genial *-*

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  2. Sempre fui igual a ana e meus amigos me batem. Tenho problemas? Eu sou preto, tenho cara de pagodeiro, uma familia de pagodeiros mas não sou pagodeiro o que eu faço? Obrigado

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  3. Obrigada Ana *--*
    E Couto, se eles te batem, eu acho que não são seus amigos. Minha família também é pagodeira e eu tento sobreviver com fones de ouvido (y)

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  4. Couto eurilitros..
    Mas eu queria passar aqui, pra dizer que eu me sentia exatamente assim, e que acho realmente que nos aceitamos lá na UTF pq cada um tem sua esquisitisse (uns mais do que outros xp), mas nenhum de nós é completamente normal e se fossemos,nem estaríamos lá!! Curti mto seu post.

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