Ela sempre acordava na mesma hora. Fazia sempre o mesmo caminho. Via sempre as mesmas pessoas.Ela conhecia as roupas que elas tinham, sabia até mesmo o nome. Sempre. Na mesma hora.
Ele apareceu naquele dia e começou a fazer parte de sua rotina. Tinha olhos azuis, quase sempre usava bermuda, a única exceção eram os dias realmente frios. Sempre de mochila. Às vezes tirava dela um livro e tentava ler. Nunca conseguia se concentrar. Talvez fosse o chacoalhar do ônibus ou as conversas. O ônibus era cheio àquela hora.
Ele descia um ponto antes dela. Certo dia, no congestionamento ela conseguiu observar seu caminho. Ele sempre entrava em uma casa. Ela queria muito saber o que tinha lá dentro. Mas nunca teve coragem de segui-lo.
Ela sempre o observava, desde então. Ele talvez nunca tenha sentido sua presença, mas ela sempre estava lá.
Naquele dia ela tomou coragem e sentou ao lado dele. Tinha passado horas pensando se devia fazer isso. Então tentou ser natural, mas não conteve a vontade de passar mais maquiagem do que de costume, usar outro perfume e uma roupa mais arrumadinha.
Almoçou mais cedo, não queria perder o abençoado ônibus. Quando chegou na fila, ele não estava lá. Ela pensou: não faz mal, eu vim antes mesmo. E o ônibus chegou. ela olhou discretamente para trás. Ele chegou. Acompanhado.
Talvez ela devesse ser mais corajosa.
Tenso. Eu também sempre reparo nas pessoas no ônibus. Nunca me apaixonei por ninguém, mas vi muitas relações irem e virem durante esse um ano e meio HAHA. Fiquei com dó dela. D:
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